Uma lufada de estupidez
Assim pensei começar este verso
Esquecendo a normal timidez
Que me obstrui sempre que começo
Do que é que vou falar?
Nao sei, desconheço
Por isso vou aparvalhar
Caso contrário, adormeço
Sou um comum estudante
Com a mania que tem piada
agravado pela minha irritante
maneira como falo sobre absolutamente nada
Quem me conhece, preferia nunca o ter feito
"Tu és o gajo mais parvo do quarteirão"
Eu respondo que sim, dou-lhes razão
E agradeço pelo despeito
Basta ver este poema
Que é uma parvoíce pegada
É uma espécie de esquema
Para ser a pessoa parva mais votada
Gosto de vos pôr em dilemas
"De que raio está ele a falar?"
Vocês elaboram teoremas
Para perceber e tentar depois explicar
"Explicar o quê?" - Perguntam vocês bem
Acho que ninguém sabe, nem percebe
Nem eu, nem provavelmente ninguém
Ai, ai, é tão fácil rimar sobre nada
Aposto como nunca tinham pensado nisto
O eterno toque, a eterna badalada
Sobre algo incontrolável, o imprevisto.
Posso falar do gato, ou da floribela
De televisão até livros, arrisco
Sem medo de ser reconhecido
Ou de ficar mal visto.
Pela simples razão de estar a rimar
Um bocado do que calhar.
E agora, chegam a este verso distante
Vocês, heróicos e incansáveis leitores
A pensarem que a partir de agora vai ficar interessante
Desenganem-se, o nonsense vai continuar a cores.
E pronto, era só isto.
Peço desculpa ao Eduardo e à Quina pela chatice
Mas visto ser um cúmulo
Achei por bem escrever um hino à parvoíce.